Mi Buenos Aires querido
Postado por: Tatiana DornellesObelisco |
A música do tango cantado por Carlos Gardel é uma homenagem a Buenos Aires, na Argentina. Mas engana-se quem pensa que a capital argentina é somente tango. As referências à música estão por todos os lugares, mas há muito mais que se ver e vivenciar. Estive há poucos dias em Buenos Aires com meu irmão. A viagem foi o meu próprio presente por completar 30 anos. Inicialmente, a data seria comemorada com outra viagem, porém, devido aos compromissos profissionais assumidos no início do ano, os planos mudaram.
A escolha por Buenos Aires se deve há vários motivos. Entre eles a proximidade. A capital da Argentina está a pouco mais de uma hora de voo saindo de Porto Alegre e pouco mais do que isso saindo de Florianópolis. Segundo, pela quantidade de atrações turísticas e gastronômicas que a cidade oferece, e em terceiro, porque o câmbio é relativamente favorável aos brasileiros.
El Caminito |
Nosso roteiro foi de dois dias e meio. Após fazer o check-in no Entre Libros Hostel e Hotel, em San Telmo, fomos para um dos cartões postais: El Caminito. Com seus casebres coloridos, o local respira tango e é um ponto muito visitado por turistas. O Caminito fica no bairro La Boca, onde também fica o estádio do Boca Juniors.
A minha impressão: é o tipo de atração que se vai para conhecer e não se volta mais. Só voltaria para, talvez, assistir uma partida de futebol na La Bombonera. Ponto positivo foi o bife de chorizo do Puerto de La Boca. O restaurante fica passando o Caminito, antes de chegar ao estádio, em uma rua lateral. Por $180 (pesos argentinos) comemos dois bifes de chorizos, ensaladas e papas fritas.
Café Tortoni |
Nota: a carne argentina costuma vir com pouco sal para o gosto dos brasileiros, além disso, fique ligado no ponto da carne: se gosta de mal passado por pedir por rogada ou ao ponto, se gosta bem passada, peça cocida. Pedi ao ponto e veio no que chamaríamos de mal passada.
Ainda em La Boca, vale a pena dar uma passadinha na Fundação Proa e no Museu Quinquela Martin. Nós visitamos o segundo, as pinturas do Quinquela são muito legais e mostram a história e o cotidiano do bairro e dos trabalhadores do porto. E no terraço é possível ter uma vista panorâmica do bairro. A entrada é de $ 10.
Como chegar no La Boca: o metrô não chega até lá. Pode-se ir de ônibus ou ir de táxi. Fomos de táxi e pagamos cerca de $ 40 para ir do Centro a La Boca e um pouco menos do que isso para voltar a San Telmo.
Recoleta |
À noite fomos assistir ao show de tango no Café Tortoni. Este café fica na Av. de Mayo, no Centro, e é o mais antigo de Buenos Aires. É inspirado nos salões e cafés parisienses. O lugar é lindo e o show de tango é bem intimista. São poucas mesas, uma cantora, um grupo de músicos e um casal de bailarinos. Tem shows todos os dias, em alguns com dois horários. São duas salas de espetáculo, além do salão do café. A especialidade do café são as medialunas, uma espécie de croissant e os churros com chocolate. Aproveitamos para experimentar as medialunas, já que o churros e chocolate é servido só em dias muito frios. O show foi ótimo. Em Buenos Aires é possível escolher entre os shows mais tradicionais e os performáticos, como o do Señor Tango. Nós pagamos $150, com alimentação e bebida a parte.
Jardim Japonês |
Como chegar: Café Tortoni fica bem pertinho da estação Piedras do subte. Usar o metrô em BA é muito fácil. O bilhete custa $2,50, dá para comprar cartão recarregável, mas a compra de mais bilhetes não reduz o preço. O metrô está sendo ampliado e logo deve chegar a mais locais e facilitar o acesso. O mapa do metrô assim como da cidade é vendido em um miniguia, que pode ser comprado nas bancas de revistas a $ 10 (é uma verdadeira mão na roda).
No dia seguinte, um domingo, fomos a Feira de San Telmo. Os gaúchos e quem já visitou Porto Alegre sabe como é o Brique da Redenção, que acontece todo domingo no parque da Redenção. Pois então, a feira de San Telmo é isso. Ela começa por volta das 9h30 e vai até o início da noite. Tem de tudo: roupas, calçados, bolsas, brinquedos, artigos de decoração, souvenires…. Os preços nem sempre são bons e variam bem de uma banca para outra. A feira é realizada na calle Defensa. Aproveitamos também para fazer fotos com a Mafalda. A personagem dos quadrinhos está sempre a espera dos turistas e moradores na esquina das calle Defensa e Chile.
Rosendal |
Em seguida fomos para os bairros de Palermo e da Recoleta. Bem, estes bairros, no norte de BA são a antítese do La Boca. São bairros da elite atual e da tradicional, respectivamente. Em Palermo visitamos o Jardim Japonês, o Rosendal, o Malba e o Cemitério da Recoleta. No Jardim Japonês e no Malba é cobrado ingresso. Os outros dois são gratuitos.
O Jardim Japonês, como o nome diz, é um grande jardim com design oriental. Tem restaurante e espaço para apresentações artísticas e em alguns domingos, uma feira de produtos e gastronomia oriental. O local é lindo e um bom programa para quem tem crianças. A entrada é $24.
Malba |
O Rosendal fica próximo ao Jardim Japonês e ao Planetário Galileu Galilei. O rosendal é um jardim de rosas. É simplesmente maravilhoso. É nestes momentos que vemos o quanto as cidades brasileiras precisam de espaços de lazer e de contemplação. O lugar é lindo para um trash the dress.
Como chegar: metrô, estação Scalabrini Ortiz.
Do Rosendal fomos a pé até o Museu de Arte Latino Americano (Malba). Segue-se pela avenida Figueroa Alcorta (cerca de uns 20 minutos de caminhada). A entrada é $40. No Malba a exposição permanente é de artistas latinos do século 20. Destaque para Abaporu, de Tarsila do Amaral, Mulheres com Frutas, de Di Cavalcanti, Retrato de Ramón Gómez, de Diego Rivera, Festa de São João, de Portinari e o autorretrato de Frida Kahlo.
O Malba impressiona pela arquitetura contemporânea. É realmente um espaço pensado para ser um museu. Tem ainda um café e uma loja de artigos do museu.
Puerto Madero |
Do Malba, seguimos pela avenida Figueroa Alcorta e depois dobramos na av. Del Libertador e seguimos para o Cemitério da Recoleta. É aonde está enterrado o corpo de Eva Duarte Perón, a Evita. Figura muito representativa da Argentina, é um verdadeiro ícone. É bom pesquisar a localização do jazigo na internet ou comprar o mapa no local. É um labirinto de mausoléus e achar o dela não é fácil. Penamos um pouco e só achamos com ajuda de um grupo de brasileiros do Rio de Janeiro. Foi o primeiro lugar em que os funcionários não eram gentis e prestaram informações erradas.
Do Cemitério fomos para Puerto Madero. Pegamos o metrô na estação Pueyrredon até a estação Catedral, no Centro e da lá fomos a pé (mais uns 10 minutos de caminhada). Quem visita La Boca pode ter uma noção do que era Puerto Madero antes da revitalização. O lugar é agradável, com muitos restaurantes, pistas de caminhada e ciclismo e com várias estações de academias de ginástica ao ar livre. É bom ficar atento aos preços nos restaurantes. Puerto Madeiro tem para todos os bolsos. Gostamos do Madero Este, com empanadas deliciosas e por praticamente o mesmo preço de San Telmo: $11. A empanada é outra delícia que não se pode ir a Buenos Aires sem provar. É uma espécie de pastel assado.
Teatro Cólon |
No terceiro dia em Buenos Aires, ficamos pelo Centro e Microcentro: Casa Rosada, Praça de Mayo, Catedral, Calle Florida com a deslumbrante Galerias Pacífico (inspiradas nas Galerias Lafayette, em Paris), além do Obelisco na avenida Nove de Julho e o fascinante Teatro Cólon.
Teatro Cólon |
A visita guiada do Teatro Cólon não é barata, $110, mas vale a pena. Novamente a inspiração é a francesa, uma das salas, onde os integrantes da elite portenha desfilavam foi feito com sugestão na Sala dos Espelhos de Versalhes. O lugar é fascinante. Como diz o personagem da TV: “É a cara da riqueza”. O teatro foi feito com este objetivo: ser um retrato fiel da vida social da capital argentina no fim do século 19, início do século 20.
O prédio foi construído exatamente para ser um teatro, tem uma acústica perfeita e corpo artístico próprio. Além do luxo do interior, o teatro tem outro diferencial: tem três pisos no subsolo, com auditórios menores e salas de ensaio e de reserva técnica. Esta parte no subsolo, infelizmente, não faz parte da visita guiada.
Como chegar: estação de metrô Tribunales é a mais próxima.