Como é participar do Festival de Cinema, em Gramado

O 44º Festival de Cinema de Gramado terminou neste sábado, dia 3. O grande premiado foi “Barata Ribeiro, 716” que levou os Kikitos de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Trilha Musical, Melhor Atriz Coadjuvante. Neste ano, participei do festival não só como espectadora e moradora da cidade, mas também como jornalista e integrante de uma equipe que se apresentou no festival.

Em Gramado, a secretaria de Educação tem, desde 2011, um projeto chamado Educavídeo. A ideia é incentivar a produção de vídeos por crianças e adolescentes, alunos da rede pública, não só municipal, mas estadual também. A equipe tem a participação de profissionais de cinema e professores. Neste mês de agosto passei a integrar a equipe, por ser professora e jornalista. Peguei o barco andando em uma fase muito legal: a de finalização dos vídeos e a participação no festival.

Esta foi a terceira vez que os vídeos produzidos no Educavídeo são apresentados como pré-estreia do Festival de Cinema. Os alunos são as estrelas: recebem credenciais, passam pelo tapete vermelho, dão entrevistas, sobem ao palco do Palácio dos Festivais para falar das produções e depois é feita a exibição dos curtas. Neste ano foram 11 curtas. E tem de tudo: suspense, comédia e drama. Um dos que mais me emocionou pela qualidade e pelo tema foi “Memórias do Sr. Paulo”. O curta mostra o Sr.Paulo andando pelas ruas da cidade e relembrando seu romance com Rosa, sua esposa. Sabe aqueles amores que começam na juventude e duram a vida toda? Então, é bem isso. Quando o curta termina você pensa: ‘quero ter um amor assim!’.

Memórias do Sr. Paulo na tela do Palácio dos Festivais

Alunos e professores do Educavídeo

O festival começou oficialmente na sexta-feira dia 26, então a noite do Educavídeo foi na quinta. Ainda na quinta-feira, durante a fase de credenciamento, realizado no Clube Recreio, os alunos concederam entrevistas e conversaram com uma das homenageadas desta edição: Sônia Braga. Ela foi muito gentil com os estudantes, conversou com eles, fez fotos e os incentivou a continuar produzindo cinema e a partir disso, compartilharem o que pensam e sentem, defendendo seus pontos de vista. Pena que ela não quis fazer fotos com os profes… Nós lá querendo muito uma foto com a eterna Gabriela e Tieta.

Enquanto a prof. Vivi e a coordenadora Regina dão entrevista, a Sônia Braga (lá atrás) conversa com os alunos

Na sexta-feira, os alunos participaram da abertura do festival que ocorreu na Rua Coberta, com direito a tapete vermelho e orquestra. Após a abertura oficial, começaram as atividades no Palácio dos Festivais, com a homenagem a Sônia Braga e a apresentação pela primeira vez no Brasil de “Aquarius”.

Eu e uma colega, Mila, ganhamos ingressos para assistir a sessão e foi incrível. Quem compra ou ganha ingressos passa pelo tapete vermelho para ter acesso ao Palácio dos Festivais. Lá, além do cinema, há agora o Museu do Festival de Cinema, que conta a história dos festivais de Gramado e também do cinema brasileiro.
A sala de cinema é gigantesca, são mais de 900 lugares, entre plateia e mezanino.  Para assistir a “Aquarius” ficamos no mezanino e foi um pouquinho desconfortável. A parte da plateia é muito mais confortável e com som melhor.  Como “Aquarius” foi exibido logo após a abertura, o ministro da Cultura estava presente, assim como a equipe do filme e o pessoal do mezanino, e eu também, não poupamos a garganta: Fora Temer, fora governo golpista! E muitas vaias quando o ministro entrou. E na entrega dos prêmios, neste sábado, mais críticas políticas e também vaias e protestos contra o atual governo.

Sônia Braga estava linda e muito simpática!

Antes de iniciar a sessão, Sônia Braga foi recebida, levou o seu Kikito e a produção do filme falou sobre a obra. De forma sutil, o diretor Kleber Mendonça Filho, falou sobre a situação política, dizendo que o filme mostra bem a necessidade da democracia e de se respeitar a opinião (e os votos) alheios.
O filme em si fala da luta de Clara, interpretada por Sônia Braga, para manter seu apartamento. Ela é a única moradora do prédio Aquarius que não quer vender seu apartamento e passa a ser assediada pelo neto do dono da construtora que quer derrubar o Aquarius e construir um prédio gigantesco, Diego. A obra é um tapa na cara da sociedade, pois mostra como o capitalismo, a ganância por construir prédios cada vez maiores e que vão render mais lucro, podem transformar as pessoas e o quanto é importante lutar pelos seus direitos.

No tapete vermelho

No final da sessão, plateia e mezanino se levantaram e bateram palmas. Filme ótimo!
O Festival de Cinema não se restringe as exibições no Palácio. Há muita coisa para se fazer! Tem entrevistas coletivas com as produções dos filmes e debates, workshops e sessões de exibição pagas e outras com entrada-franca. Além é claro, de poder tietar artistas que estão pela cidade!
E que venha o 45º Festival de Cinema! Já estamos com saudades!

Serviço:
Sites
►Festival de Cinema: http://www.festivaldegramado.net/
►Educavídeo: www.educavideogramado.com.br
►Endereço: Palácio dos Festivais: av. Borges de Medeiros, 2697

Fotos: Destino Mundo Afora