Como é participar da noite de premiações do Festival de Cinema, em Gramado
Postado por: Amanda MengerO Festival de Cinema de Gramado é o mais antigo do Brasil e também o com mais edições de forma ininterrupta. Em 2018, o festival chegou a sua 46ª edição e foi o terceiro que participei, mas neste foi diferente e ainda mais especial: anunciei o vencedor de um dos Kikitos, o prêmio concedido. O Kikito é uma criação da artista plástica Elizabeth Rosenfeld, e é uma representação do deus do bom-humor.
O primeiro festival que eu participei foi o de 2016. Eu recém tinha começado a trabalhar no Educavídeo, que é um programa da Secretaria Municipal da Educação de Gramado, onde alunos da rede municipal têm aulas de produção audiovisual. Há alguns anos, a avant-premiere do festival é com as produções do Educavídeo. A proposta é muito legal, os alunos recebem credenciais, passam pelo tapete vermelho e seus curtas e médias metragens são apresentados no Palácio dos Festivais. Em 2016, assisti também a abertura, com o ótimo filme Aquarius, da Sônia Braga. Aliás, ela conversou com os alunos e fez foto com eles. Com as profes, ela não quis fazer foto, mas foi bem simpática.
Em 2017, na Noite do Educavídeo eu também fiz discurso e com os alunos aproveitei um pouco mais das atividades do festival. Fomos a sessões de abertura e também a outra sessão, na quinta-feira. Porém, para mim este será sempre um festival triste. Ao sair daquela sessão, minha mãe tinha deixado um recado no whats informando que o meu avô havia falecido.
Neste ano, em 2018, tivemos a Noite do Educavídeo e o Cinema nos Bairros, atividades que já tinha participado antes, mas teve novidades, como a participação na secretaria do evento, no hotel Serra Azul. Junto ao hub das universidades, o Educavídeo teve um espaço e pudemos mostrar e divulgar ainda mais o programa. Assisti também aos filmes da abertura, além do sábado, domingo e quinta-feira, ou seja, vi muitos filmes bons como “O Benzinho”, “Mormaço” e “Dez segundos para vencer”, e outros que são legais e outros nem tanto, pelo menos para o meu gosto.
A possibilidade de apresentar um dos vencedores do Kikito veio da organização do festival, como um convite à equipe do Educavídeo. Neste ano, três prêmios foram apresentados na rua Coberta, sendo algo inédito para as premiações. Para fazer estas entregas foram convidadas pessoas da comunidade que representam áreas de alguma forma ligadas ao festival. O Educavídeo foi um deles, outro convidado foi do Conselho de Cultura e ainda a primeira rainha da Festa da Hortênsia, festividade que deu origem ao Festival de Cinema.
A premiação ocorreu no sábado, dia 25, e o convite veio na quinta-feira. Na hora fiquei meio surpresa, mas aceitei sem pensar muito. Recentemente li o livro da Shonda Rimes, a showrunner de Grey´s Anatomy, chamado “O ano em que disse sim”, no qual ela conta a experiência de dizer sim a todos os convites. Um pouco inspirada na história dela resolvi dizer sim a convites e tem sido bem interessante.
No sábado à tarde teve um ensaio geral. Neste ensaio foram dadas orientações sobre como seria a entrega dos Kikitos, onde ficaríamos, onde passaríamos e outras indicações. No ensaio geral estavam o diretor Jaime Monjardim e os atores Osmar Prado e Ney Latorraca. Sou tímida para pedir para tirar fotos, mas minha mãe tinha pedido uma foto do Ney Latorraca e aproveitei o ensaio para isso. A foto não ficou muito boa, porque estavam testando as luzes e ficou escura.
À noite, a cerimônia começou às 21h, mas as pessoas que iriam participar dos anúncios e entregas dos prêmios deveriam chegar antes, às 20h. A chegada foi um pouquinho confusa, porque precisei pegar o ingresso, mas depois foi bem tranquilo. A equipe foi muito atenciosa e como estava muito frio e ventava, só saímos para a rua Coberta quando era hora de entrar no ar. A cerimônia foi transmitida pelo canal Brasil pela TV e pelo Facebook e pelo G1 no próprio portal.
A participação foi feita em conjunto pela apresentadora Marla Martins, que também apresenta a Noite do Educavídeo. Ela me chamou, apresentou o que era o Educavídeo e fiz a leitura do vencedor do Kikito de Melhor Curta Metragem pelo Júri Popular. O prêmio foi entregue para Nádia Mangolini, pelo curta Torre, pelo diretor Jaime Monjardim, no palco do palácio.
Após a participação ao vivo, voltei para a plateia do palácio para assistir ao restante da premiação. Eu nunca tinha assistido à premiação e isso foi muito legal também. O ator Osmar Prado ganhou o prêmio de Melhor Ator pela interpretação de Kid Jofre, o pai de Éder Jofre, o boxeador brasileiro campeão mundial, representado em “Dez segundos para vencer”. Ele se emocionou e provocou polêmica porque anunciou seu pensamento político. Parte da plateia aplaudiu, parte vaiou. Aliás, esta é uma marca dos festivais, as questões políticas fazem parte dos discursos. Neste ano, a Ancine foi severamente criticada pelos critérios de pontuação nos editais.
O ator Ney Latorraca, o grande homenageado desta edição do festival, fez o anúncio e entregou o Kikito de melhor filme. Ele fez uma brincadeira, “E o Kikito vai para Lalaland. Não, estou brincando, isso só acontece em Hollywood, aqui em Gramado é tudo certo. O Kikito vai para Ferrugem”. O bom-humor dele foi aplaudido pelo público.
A minha participação foi bem rapidinha, mas super legal. Quando eu imaginaria que um dia teria esta possibilidade? Bom, há cinco anos eu vim pela primeira vez a Gramado e sequer me passava pela ideia morar aqui, quanto mais participar do Festival e um dia participar da cerimônia da entrega dos Kikitos. É por estas e por outras que cada vez mais me convenço do quanto a vida pode ser surpreendente, e de forma positiva. Obrigada a todos os meus colegas de trabalho e alunos, isso só foi possível graças a vocês!
Fotos: Destino Mundo Afora