Meu relato de parto: natural e na banheira

Postado por: Tatiana Dornelles

Em um dia apaixonante, a nossa Lara resolveu nascer. Era 12 de junho, dia dos namorados. Por volta das 11h, enquanto eu assistia ao “Encontro com Fátima Bernardes”, a bolsa estourou. Max estava em Curitibanos (SC) a trabalho e saiu de casa por volta das 4h da madruga; os gêmeos Elton e Tael estavam na aula e minha mãe, trabalhando. Minha casa estava uma verdadeira bagunça, um caos, pois Max resolveu fazer reforma naquela semana, para a chegada da nossa bebê. Meu quarto estava “interditado” e naquela noite colocamos o colchão na sala, por causa da quantidade de pó. Naquela manhã de terça-feira, os pintores chegaram por volta das 8h.
Minha noite (de segunda para terça) não havia sido das melhores. Não conseguia dormir, levantei várias vezes com vontade de ir ao banheiro fazer “número dois”, virava de um lado para outro. Ainda na segunda (fim de tarde), na casa da minha mãe, chorei compulsivamente por causa da bagunça na minha casa e pedi para Max não viajar, pois “vai que ela resolve nascer durante uma viagem tua”, argumentei com ele. Mas o prazo para Lara nascer era dia 22 ainda, então, havia certa “tranquilidade no ar”…
Como não dormi bem à noite, assisti a algumas séries (na época ainda não tinha terminado as temporadas de “Grey’s Anatomy”) e vi quando Max saiu para viajar. Logo que ele saiu, lembro bem, começou uma tempestade, que logo passou. Eu, aliás, estava de atestado por cinco dias por recomendação médica. Meu último dia de trabalho foi dia 6 de junho e, depois dos cinco dias de atestado, se Lara não nascesse, iríamos descontar os dias de folga em atraso. Por incrível que pareça, no dia que terminou meu atestado, Lara resolveu nascer.

Bem, eram 11h quando a bolsa estourou. Fui ao banheiro para confirmar se era isso mesmo ou se não havia feito xixi (hehehe – sim, é essa a sensação!), já que desceu pouco líquido. Comecei a tremer quando vi que era a bolsa mesmo. Tentei me acalmar e liguei para Max. Não atendeu… Tentei de novo e… Nada! Resolvi, então, telefonar para minha mãe, que não atendeu.
Lembrei que meu sogro tinha viajado com Max e liguei pra ele. Ufa! Ele atendeu, passou pro Max e dei a notícia. Ele só falou: “Estou voltando agora. Liga pra Kamila (minha cunhada), pra ela te ajudar”. Mas ela também não atendeu… Falei com Max novamente e ele disse pra eu falar com os gêmeos e pegar um Uber. Eles me atenderam e saíram da sala de aula para ir pra casa.
No meio do caminho, Tael e Elton disseram que estavam indo pra casa com a Marta (diretora da escola e minha tia) e que ela me levaria ao hospital. Nesse meio tempo, Kamila também estava a caminho e minha mãe atendeu.
Avisei os pintores e saí. Peguei a bolsa de maternidade, a minha bolsa e fui para o Hospital e Maternidade Socimed, o qual eu havia visitado durante a gravidez. De casa ao hospital, bateu o nervosismo. Meu medo era que Max não chegasse a tempo para o parto, pois estava longe demais. Também nesse trajeto, liguei para a Mônica – pessoa que me guiou durante a visita ao hospital e que prometeu o quarto PPP (caso não estivesse reservado).

Cheguei no Socimed e passei pela triagem, onde foi aferida minha pressão. Minha mãe entrou comigo. Em seguida, fui atendida pela médica de plantão, que pediu o exame de cardiotoco. Fiquei cerca de uma hora e meia fazendo o exame, porque nesse meio tempo faltou papel, deu erro na máquina, e recomecei o exame algumas vezes. Lá pelas 13h, voltei ao consultório médico e, durante o exame de rotina, a bolsa estourou de vez. Estava com 4cm de dilatação. A médica, então, pediu minha internação e pouco tempo depois fui para o quarto PPP (pré-parto, parto e puerpério imediato), que já estava à minha espera.
Fiquei durante a tarde toda entre uma contração e outra, de leve. E nem queria que fosse tão rápido, porque Max ainda estava a caminho. Durante a tarde, enquanto as contrações iam e vinham, usei muito o tecido vermelho e a bola, além do chuveiro. Quando Max chegou, por volta das 18h, as contrações também tinham aumentado. Entrei no chuveiro com bola e tentei relaxar. Às 19h, a Mônica foi me visitar e perguntou se eu não queria colocar a banheira inflável. Aceitei. Começamos a encher e entrei na banheira por volta das 19h30, quando entrei em trabalho de parto ativo. As contrações começaram a ficar intensas e próximas e as enfermeiras já começaram a preparar o quarto para a chegada da Lara.
Senti muita dor, queria desistir, mas as palavras de incentivo do Max foram essenciais nesse momento. Gritei muito. Muito mesmo. Perto das 20h, as enfermeiras chamaram o médico de plantão, Marcelo Dexheimer, que ficou no quarto. Também foi essencial a ajuda da enfermeira, que segurou minha mão e várias vezes disse estava bem perto, que não dava mais para desistir, que eu era forte. O médico também me deu várias dicas e foi, inclusive, o fotógrafo oficial do parto.

Quando Lara estava coroando, Max me deu as mãos. Gritei muito mesmo. Mas só foram necessárias duas forças. A enfermeira explicou como eu deveria proceder para virar e tirar a Lara da água. Dois gritos fortes, força e… Lara nasceu. Não vi, pois estava de quatro. Virei e a colocaram no meu colo. Uma explosão de sentimentos tomou conta de mim. Chorei, ri, fiquei aliviada, estava exausta. Mas foi lindo e ela estava bem, perfeita.
Por um tempo, ela ficou no meu colo. Então, Max cortou o cordão umbilical. Foi tudo muito rápido. Intenso. Indescritível. E lá estava meu “pacotinho de amor”, com 44,5 centímetros e 2.970 quilos.

OBS:

Ganhei de parto natural na banheira no Socimed, sem doula, sem medicação, sem intervenção, com médico de plantão. Foi tudo tranquilo e foi muito além do que eu planejei. Antes de ganhar, visitei os dois hospitais de Tubarão e escolhi o que me deixou mais segura. Então, já sabia que queria ganhar lá. As enfermeiras foram incríveis, sempre incentivando para o parto normal, indo a todo momento no quarto ver se estava tudo bem. Também peguei troca de plantão de médico.
O parto natural é aquele que tenta ser o mais fisiológico possível, sem intervenções médicas, como anestesia, analgésicos ou substâncias para acelerar as contrações. Não tive lacerações e meu trabalho de parto ativo durou 1h20, mais ou menos.
Ah, quando os gêmeos nasceram, em 5 de fevereiro de 2000, o parto foi normal. Foi tão rápido quanto o nascimento de Lara. Na época, dei entrada no hospital às 4h e às 5h45 nasceu o primeiro (Elton) e às 6h10 nasceu o segundo (Tael).

Fotos: Tatiana Dornelles Fotografia

Aviao
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